Falar de liderança para as novas gerações neste momento crucial da história é um grande desafio, pois, à medida que o tempo passa, o conceito de liderança tem sofrido mudanças significativas. Atualmente, liderança é mais do que influenciar, motivar e equipar. Parece que agora, mais do que nunca, o conceito de uma boa liderança está ligado a inovação, a alcançar objetivos de impacto e até a uma certa transcendência.

Existem duas variáveis que modificam o conceito de liderança e devem ser estudadas a fundo antes que o líder coloque a liderança em prática:

– Primeira: a geração atual que exercerá a liderança ou será influenciada por ela.
– Segunda: as grandes mudanças tecnológicas seguidas de um crescimento acelerado no uso dos meios digitais devido a uma pandemia.

Por causa dessas variáveis, vários gurus da mídia propõem que o estilo de liderança deve ser aplicado em duas facetas: virtual e presencial. Não podemos mais descartar o plano digital no exercício da liderança, independentemente do estilo que se tenha escolhido ou anunciado. Dessa forma chegamos à liderança híbrida, (conhecida como “Blended Leadership”), que é a capacidade de inovação que um líder desenvolve para gerenciar igualmente tanto ambientes virtuais quanto presenciais.

A geração atual, chamada de “Geração Z”, está indiscutivelmente enraizada nos meios digitais, ou seja, são nativos digitais, comprometidos com causas justas, altamente autônomos, extremamente exigentes e impacientes. Para essa geração, que está acostumada a conseguir tudo com um “clique”, é necessária alguma adaptação e inovação no momento de liderar, tanto na teoria quanto nos métodos, se quisermos alcançar uma liderança eficaz. E está claro que a porta de entrada está no ambiente digital. Por isso a liderança híbrida é tão importante nesse momento pós-pandemia, pois há necessidade de habilidades especiais para discipular gerações atuais e futuras no ambiente virtual, influenciando seu ambiente de vida.

Se quisermos alcançar uma liderança sólida e transcendental, sem perder de vista os princípios cristocêntricos que sempre estiveram em vigor, devemos ser conscientes e desenvolver os seguintes aspectos:

1. Determinar tarefas: Toda empresa, ao implementar esse tipo de liderança, determina quais ações, reuniões, tarefas, trabalhos, etc., podem passar para um plano digital e quais devem ser desenvolvidas presencialmente. No momento de alcançar as novas gerações, devemos considerar as duas áreas de ação: o plano presencial, com tarefas e atribuições que não podem ser fornecidas em um ambiente remoto, e o plano virtual, uma vez que o mundo dessa geração não pode ser concebido sem um “smartfone”, ou seja, no ambiente digital.

Portanto, as ações de liderança não focam apenas na área presencial, mas vão aonde estão as novas gerações: o mundo virtual.

2. Atender às necessidades remotas: As empresas implementaram investimentos em recursos digitais para atender às necessidades remotas de seus trabalhadores e também oficinas de treinamento para a implementação de novas plataformas. Nesse sentido, o líder híbrido deve planejar com sua equipe quais ferramentas remotas e tecnológicas têm à disposição ou quanto deve investir para atender às necessidades remotas. Posteriormente, deve treinar sua equipe para a correta gestão das mídias digitais e compartilhar conteúdos relevantes para alcançar as novas gerações por meio de reels, Tik Tok, Twitter, Instagram, etc.

3. Alinhar metas e responsabilidades claras: Trabalhar no ambiente virtual e no presencial é um desafio para a liderança híbrida, já que metade do tempo eles estão onde o líder da equipe não pode vê-los. Para enfrentar esse desafio, a liderança híbrida propõe esclarecer as metas de médio e longo prazo para seus liderados e os objetivos que devem alcançar em um prazo determinado. Precisa também reforçar a confiança da equipe e manter conversas com aqueles liderados fora da responsabilidade atribuída. As metas de trabalho devem ser alinhadas para determinado tempo, mas sem negligenciar a comunicação informal com a equipe. Por que manter uma comunicação informal é importante para liderar? Isso é simples.

Uma vez que os jovens se caracterizam por ter múltiplas conversas em suas redes sociais, enviar uma mensagem, fazer uma ligação, ou uma chamada de vídeo, sobre assuntos que não fazem parte da responsabilidade atribuída, manter o vínculo que não seja tão formal, acrescenta influência para cumprir as tarefas e responsabilidades acertadas.

4. Comunicar-se com a equipe: A liderança não pode ser executada sem uma comunicação eficiente. Por isso, a liderança híbrida propõe determinar que as ferramentas do ambiente virtual sejam usadas para a comunicação e para tarefas específicas. Para responder à demanda de comunicação das novas gerações, devem ser atribuídas ferramentas digitais para uma comunicação eficaz com a equipe. Existe uma ampla gama de opções que podem ser usadas, tais como: Zoom, WhatsApp, Instagram, Twitter, Trello, Teams, etc., com as quais é possível se comunicar como equipe, independentemente da distância ou lugar.

5. Trocar o controle pelo comprometimento:Graças à pandemia, muitos trabalhadores perceberam que é possível realizar dois ou mais trabalhos diferentes a partir de casa. Isso gerou trabalhadores mais livres e acomodados com suas tarefas. Então, ter um líder controlador pode ser contraproducente em um mercado de trabalho em mudança, e é por isso que o líder híbrido troca o controle pelo incentivo ao comprometimento. Isso pode ser aplicado às novas gerações levando em consideração a forma de agir ligada ao senso de solidariedade. Nesse sentido, para que as novas gerações sejam conduzidas à missão, elas podem ser incentivadas a participar de ações solidárias, sejam virtuais sejam presenciais, voltadas ao compromisso missionário dinâmico nas plataformas.

6. Motivar os resultados: O desempenho de uma equipe híbrida é medido pelos resultados alcançados, e não pelo tempo que cada membro está na cadeira da empresa. O jovem da nova geração tem a grande qualidade de não ser conformista. Por isso, antes de julgar esses jovens, analisando se eles estão ou não nos bancos da igreja sempre, deve haver uma avaliação no planejamento, para ver se as reuniões ou atividades que estão sendo realizadas são significativas para a geração atual,
se os eventos são marcantes, e se os esforços de tempo e recursos têm dado os resultados planejados.

7. Reuniões produtivas: O líder híbrido deve analisar quais reuniões precisam ser presenciais, quais podem ser virtuais e quais podem ser descartadas. O líder também deve considerar atividades significativas para as novas gerações, situações que causem um impacto na vida do jovem atual.
Sem dúvida, a mudança de gerações é um grande desafio para a liderança e para os líderes que se destacaram no passado e que agora devem se reinventar para atender às demandas atuais.

Sem dúvida, a liderança tem se transformado com o passar do tempo e das eras, sempre se reajustando e se adaptando às mudanças globais significativas.

Ellen White menciona: “Com o passar do tempo, essa arte sofreu mudanças significativas. Os tempos atuais exigem líderes/administradores que não só tenham a capacidade de compartilhar responsabilidades, mas também envolvam as pessoas no processo de tomada de decisão” (Liderança Cristã, pág. 3). Que Deus abençoe sua liderança e que você seja relevante nestes tempos!

Pablo Héctor Moleros Medrano
MINISTÉRIO JOVEM
MISSÃO BOLIVIANA CENTRAL / UB