"Enfrentando a tempestade de informações falsas"

As redes sociais tornaram-se um epicentro para a disseminação de informações, onde polêmicas e intrigas muitas vezes ganham destaque. Esse fenômeno pode ser atribuído, em parte, à natureza dos algoritmos dessas plataformas.

Este artigo busca explorar como esses algoritmos contribuem para a amplificação de conteúdos negativos e por que essa tendência pode ser prejudicial à Igreja.

GASOLINA PARA APAGAR O FOGO 

Os algoritmos de redes sociais como Facebook, Instagram, Youtube, TikTok e X (Twitter) priorizam conteúdos que geram alto engajamento. Sendo assim, notícias negativas e polêmicas, sendo mais propensas a provocar emoções mais fortes, tendem a gerar mais reações (curtidas, compartilhamentos e comentários).

Essas reações sinalizam ao algoritmo a popularidade desses conteúdos, resultando em sua maior disseminação e visibilidade. Em outras palavras, a reação que damos aos conteúdos negativos, polêmicas e críticas nas redes sociais é como jogar gasolina numa fogueira.

O que era algo pequeno pode se tornar num incêndio catastrófico.

A BOLHA

Os algoritmos personalizam os feeds 1 das redes sociais com base nas interações anteriores dos usuários. Isso significa que se o usuário consome algum tipo de polêmica, o algoritmo irá colocá-lo num “filtro de bolha” onde informações controversas e sensacionalistas serão apresentadas a ele com mais frequência. Ele estará sempre cercado por informações, opiniões e perspectivas que são semelhantes às que visitou anteriormente.

CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS

1. Impacto na saúde mental: Aexposição contínua a questões polêmicas pode afetar negativamente a saúde mental dos usuários, levando a sentimentos de ira, hostilidade, ansiedade e desesperança.

2. Deterioração do discurso público: A prevalência de intrigas e polêmicas nas redes sociais pode deteriorar a qualidade do discurso público, aumentando a discórdia, a violência e promovendo discursos de ódio e preconceito.

3. Danos na reputação: Organizações ou pessoas que se envolvem em polêmicas nas redes sociais e reagem impulsivamente e com raiva podem enfrentar diversos prejuízos na sua reputação, prejudicando sua credibilidade e a percepção do público.

COMO A IGREJA DEVE LIDAR COM POLÊMICAS NAS REDES SOCIAIS

Ao longo de seus mais de 160 anos de existência, a Igreja Adventista do Sétimo Dia sofreu variados tipos de ataque, seja através de mídia impressa, eletrônica ou digital. Logo, o que vemos na atualidade não é uma novidade.

Ellen White, pioneira do adventismo, aconselhava a Igreja de seu tempo a não se deixar envolver excessivamente em debates e polêmicas com oponentes que utilizavam falsidades e distorções.

Ela destacou a necessidade de discernir quando responder a tais enganos e como fazê-lo de forma eficaz, sem desperdiçar a energia que poderia ser mais bem empregada em tarefas construtivas e na disseminação da verdade. 

No livro "O Outro Poder", lemos: Pessoas que treinaram a mente para guerrear contra a verdade são usadas para manufaturar enganos. E não mostraremos sabedoria tomando-os de suas mãos, e passando-os a milhares que jamais teriam pensado neles não tivéssemos nós os publicado ao mundo. É isso que nossos oponentes querem que façamos; querem ser notados e que publiquemos por eles. Isso é especialmente verdade a respeito de alguns. É seu objetivo principal escrever suas falsidades e representar mal a verdade e o caráter daqueles que amam e defendem a verdade. Eles desaparecerão mais rapidamente se forem ignorados, se deixarmos que seus erros e falsidades sejam tratados com desprezo silencioso. Eles não querem ser ignorados. Oposição é o elemento que amam. Não fosse por isso, teriam pouca influência. [...] Há ocasiões em que suas deslumbrantes mistificações precisam ser contestadas. Quando esse for o caso, isso deve ser feito logo e em poucas palavras, e depois deveríamos prosseguir com nosso trabalho. O plano do ensino de Cristo deve ser o nosso. Ele era franco e simples, indo diretamente à raiz da questão, e o desejo de todos era satisfeito. 2 Se homens que se empenham em apresentar e defender a verdade da Bíblia se empenharem em examinar e mostrar o engano e incoerência de homens que desonestamente mudam a verdade de Deus em mentira, Satanás suscitará oponentes suficientes para manter suas canetas constantemente em uso, enquanto outros ramos da obra serão deixados a sofrer. 3

CONCLUSÃO

Embora, esses conselhos de Ellen White tenham sido impressos em 1872, eles ainda são muito atuais e aplicáveis para a era digital.

Quando relacionamos o pensamento de Ellen White à forma como funcionam os algoritmos das redes sociais, é possível concluir que a melhor forma de lidar com as controvérsias e falsas acusações direcionadas à igreja pode ser: (1) ignorá-las e (2) dar uma resposta breve e clara, antes de retomar o foco da missão de compartilhar as boas-novas da salvação.

O inimigo continuará utilizando a mesma estratégia empregada no início da Igreja, com o fim de desviá-la de seu objetivo. Por isso, é essencial praticar discernimento, promovendo e engajando conteúdos que sejam verdadeiros, construtivos e benéficos, em vez de alimentar polêmicas, controvérsias e intrigas. "Precisamos ter mais do espírito daqueles homens que se empenharam em edificar os muros de Jerusalém. Estamos 'fazendo uma grande obra, de modo que não podemos descer'" (Ellen White, O Outro Poder, p. 38).

1 O feed de notícias é uma área onde você vê as atualizações, postagens e conteúdo compartilhado por outras pessoas ou páginas que você segue
2 WHITE, Ellen. O Outro Poder. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010, p. 37. 
3 WHITE, Ellen. O Outro Poder. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010, p. 38

Por Carlos Magalhães