Os Adventistas e a Política

Desde criança, ao aproximar-se a época das eleições, natal e páscoa escuto os nossos irmãos adventistas levantarem, novamente, os questionamentos: "devo votar?", "devo exercer um cargo político?", "devemos fazer uma peça sobre o nascimento de Jesus dentro da Igreja?", "devemos colocar uma árvore de Natal na Igreja?", "Jesus nasceu em 25 de dezembro?", "devemos comer o chocolate da páscoa?", "devemos cantar o hino nacional dentro da Igreja?", etc. As dúvidas são muitas, como se nunca aprendemos nada sobre as crenças que professamos. Digo isto, porque lá em 1 Pedro 3:1 nos diz que devemos estar "sempre preparados para responder a qualquer pessoa que vos questionar quanto à esperança [a fé] que há em vós" e não questionar a cada eleição, natal e páscoa.

Gostaria de informar, também, que a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem Declarações sobre esses temas. Foi escrito até um livro com mais de trezentas páginas, por  Marcos Benedicto, intitulado "Declarações da Igreja", abordando todos os posicionamentos da Igreja sobre os assuntos mais polémicos no nosso meio. Lá diz: "Como uma instituição global, a Igreja Adventista do Sétimo Dia mantém posicionamentos históricos, como os apresentados em suas crenças fundamentais. No entanto, quando necessário, ela também se expressa em relação a temas contemporâneos, sempre à luz da Bíblia, e o faz por meio de seus documentos. Suas declarações oficiais também reforçam a visão dos adventistas sobre assuntos específicos, seja de caráter mundial, sul-americano ou regional." 

Como cristãos adventistas do sétimo dia precisamos ler essas declarações, entender e repetir. Ponto. É o que crê a IASD e é o que todos nós deveríamos repetir, unanimemente, como um adventista do sétimo dia convicto da fé que professa. Não deveria haver dúvidas sobre essas questões em nosso meio.

Para quem ainda tem dúvidas sobre o posicionamento da IASD sobre os Adventistas e a Política, segue a Declaração da Igreja sobre o mesmo.

OS ADVENTISTAS E A POLÍTICA

"A Igreja Adventista tem procurado, desde seu início, seguir o exemplo de Cristo ao advogar a liberdade de consciência como parte integral de sua missão evangélica. À medida que o papel da igreja na sociedade se expande, é apropriado declarar os princípios que guiam nossa igreja em sua extensão mundial nos contatos com os governos das regiões nas quais operamos" - Declarações da Igreja, p. 154

  1. OS ADVENTISTAS E A POLÍTICA PARTIDÁRIA
  2. OS ADVENTISTAS E AS ELEIÇÕES
  3. CANDIDATOS QUE SÃO ADVENTISTAS
  4. MANIFESTAÇÕES PÚBLICAS

1. OS ADVENTISTAS E A POLÍTICA PARTIDÁRIA

Princípio da separação entre Igreja e Estado, o que leva cada uma dessas entidades a cumprir suas respectivas funções sem interferir nas atividades da outra. Qualquer posicionamento ou compromisso com legendas partidárias dificultaria a pregação do evangelho a todos indistintamente. 

POSIÇÃO da Igreja Adventista do Sétimo Dia:

  • Reconhece as obrigações do exercício da cidadania, respeita as autoridades constituídas, mas não participa de qualquer atividade político-partidária;
  • Entende a importância do processo democrático, todavia não permite que em seus templos sejam realizadas reuniões com finalidades eleitorais;
  • Respeita as pessoas eleitas para os diferentes cargos públicos, no entanto, não investe na formação de lideranças partidárias e nem trabalha para esse fim.

 

2. OS ADVENTISTAS E AS ELEIÇÕES

“Todo indivíduo exerce uma influência na sociedade. Em nossa terra favorecida, todo eleitor tem de certo modo voz em decidir que espécie de leis hão de reger a nação. Não deviam sua influência e voto ser postos do lado da temperança e da virtude?” Obreiros Evangélicos, p. 387. 

POSIÇÃO da Igreja Adventista do Sétimo Dia:

  • Recomenda que seus membros cumpram o direito ou o dever do voto, desde que nessas ocasiões não haja qualquer incompatibilidade com os princípios bíblicos defendidos pela igreja.
  • Orienta que seus membros votem de acordo com a consciência individual, que escolham candidatos que defendam os princípios da qualidade de vida e da saúde, do modelo bíblico de família, dos valores éticos e morais, da liberdade religiosa e da separação entre Igreja e Estado.
  • Determina que pastores, servidores da organização, líderes locais e membros não promovam candidatos em cultos da denominação, seja em suas sedes administrativas, unidades educacionais, de saúde ou em quaisquer outras instituições.
  • Veda o uso do dízimo e de quaisquer outros recursos para financiar candidatos, campanhas eleitorais ou partidos políticos.
  • Repudia e não autoriza o recebimento de vantagens e benefícios pessoais ou institucionais ilícitos, indevidos ou em desacordo com os regulamentos eclesiástico-administrativos.
  • Não usa, não fornece e nem autoriza o fornecimento de dados cadastrais ou de qualquer outra natureza para o envio de propaganda eleitoral aos seus membros.
  • Não autoriza a impressão de propaganda ou material de cunho político em suas editoras, nem o uso de espaço publicitário em seus periódicos para veiculação de propaganda eleitoral. Fica igualmente não autorizado o uso da internet, rádio, televisão e publicações da igreja e de suas instituições para esse mesmo fim, salvo quando impostas obrigatoriamente por lei, como no caso da Rádio e TV Novo Tempo.
  • Não autoriza o uso de espaço físico de templos adventistas e de suas instituições para fixação de cartazes ou propaganda partidária-eleitoral. Não aprova que sejam organizados encontros e reuniões por pastores e servidores com propósitos político-partidários, seja em ambientes públicos ou privados.
  • Determinará, clara e expressamente, quem deve falar em nome da igreja para comunicar-se com os órgãos de imprensa e demais meios. Pastores e servidores, editores das casas publicadoras, apresentadores da Rádio e TV Novo Tempo, jornalistas, assessores de imprensa e comunicadores não estão autorizados a escrever, postar e falar em nome dos adventistas sobre temas políticos, e devem ter constante cuidado para não dar declarações que demonstrem preferências por ideologias, candidatos ou partidos.

 

3. CANDIDATOS QUE SÃO ADVENTISTAS

Reconhece que, como nos tempos de José, Daniel e Ester, a sociedade pode ser beneficiada pelo bom exemplo de políticos religiosos que exerçam suas atividades dignamente, sem comprometer princípios cristãos.

POSIÇÃO da Igreja Adventista do Sétimo Dia:

  • Determina que candidatos que são adventistas não usem o púlpito nem programas oficiais da igreja para pedir votos.
  • Estabelece que pastores e servidores que decidirem lançar candidatura se desvinculem obrigatoriamente do trabalho na organização adventista.  
  • Não possui e nem lança candidatos. Mesmo que membros adventistas venham a concorrer a mandato eletivo, serão candidatos do partido político ao qual se filiarem e nunca candidatos da Igreja Adventista.
  • Estabelece que, quando surgirem situações em que candidatos, membros da igreja ou não, no exercício do mandato, estiverem concorrendo à reeleição ou a qualquer outro cargo público eletivo, serão tratados de acordo com as orientações deste documento.
  • Não apoia qualquer tipo de campanha para eleger candidatos, porém admite a possibilidade de administradores de Associação/Missão ou União informarem às lideranças eclesiásticas locais (pastores e anciãos) sobre a candidatura de membros adventistas, em circunstâncias que não contrariem as diretrizes deste documento.
  • Não autoriza que seus membros, quer sejam oficiais públicos, candidatos ou aqueles que tiverem sido eleitos, representem ou falem em nome da Igreja Adventista no exercício de suas funções.

 

4. MANIFESTAÇÕES PÚBLICAS

Para os adventistas, muito mais do que protestar e reivindicar, a missão é proclamar.

POSIÇÃO da Igreja Adventista do Sétimo Dia:

  • Reconhece seu dever de atender às necessidades das pessoas, exercendo o papel de instituição servidora, sendo relevante na sociedade e fazendo a diferença no contexto onde está inserida.
  • Recomenda que os responsáveis que organizarem atividades públicas ajam com cuidado e prudência para que esses eventos sejam pacíficos e tenham como único objetivo chamar a atenção para as condutas compatíveis com os princípios cristãos, sem violência e sem vandalismo. Por isso, não recomenda a seus membros e nem autoriza seus pastores e servidores a participar em manifestações públicas de cunho político.
  • Incentiva que seus membros orem em favor das cidades e autoridades.
  • Apesar de ser apartidária, reconhece a necessidade de lidar constantemente com representantes dos poderes públicos. Por isso, mantém sua postura de relacionamento adequado com as autoridades constituídas para que o funcionamento da estrutura institucional seja garantido, tendo como único propósito o cumprimento da missão.
  • Estabelece que, havendo atitudes não conformes com as recomendações e determinações deste documento, os casos sejam analisados pela instituição ou igreja local a que pertencem os envolvidos.

Todo esforço e toda energia devem ser canalizados para o serviço desinteressado em favor das pessoas, revelando profundo interesse na sua salvação. Seja nossa oração: “Vem, Senhor Jesus” (Ap 22:20). 

Não desmerecendo as questões políticas e sua importância, entendemos ser um dever dar o devido destaque ao nosso verdadeiro papel, que é desenvolver práticas que resultem no fortalecimento da fé e promovam a esperança na iminente volta do Senhor Jesus Cristo. 

“Vem, Senhor Jesus”, Apocalipse 22:20