Pr. Nicolás Luna Urrejola
Diretor do Ministério Jovem, União Argentina

"Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que tenho ordenado a vocês. E eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos" (Mateus 28:18-20).

Como seguidores de Jesus, todos nós já tivemos um encontro que marcou nossas vidas, que transformou nossa existência. É Jesus que nos chama para deixar nossas redes e segui-Lo, para ir e fazer discípulos. No entanto, hoje em dia, muitos vivem fora desse chamado.

Um dado impactante apresentado pelo Grupo Barna, em um estudo sobre discipulado (Barna Group, 2022), revelou que 39% dos entrevistados, cristãos e com uma vida religiosa ativa, não estão envolvidos em discipulado algum.

Em outras palavras, dois a cada cinco membros ativos da igreja afirmam não ter nada a ver com o discipulado. Então surge a pergunta: Por que essas pessoas não estão envolvidas? A pesquisa indica que 37% deles não se sentem capacitadas ou preparadas, o que é a principal barreira. Outras respostas apontam para o medo de não estar apto para a tarefa e a percepção de não possuir conhecimento suficiente para realizá-la, o que evidencia uma crise de confiança e segurança para responder ao chamado.

O termo “geração cristal” é amplamente conhecido, usado pela neuropsicóloga infantil Carina Castro Fumero, em resposta à baixa autoestima que prevalece na atualidade e à fragilidade emocional, relacional e espiritual que a acompanha.

Sem dúvida, isso pode fazer parte da explicação para o fato de muitas vezes nos afastarmos do chamado que Jesus nos deixou na grande comissão de Mateus 28.

O fato de não nos sentirmos aceitos, capacitados ou preparados para responder de forma madura e adequada a esse chamado nos leva a umavida espiritual fictícia, onde simplesmente “fingimos sercristãos", onde somente durante algumas horas do sábado “somos semelhantes a Cristo".

Satanás, o acusador de nossos irmãos (Apocalipse 12:10), conhece e prepara as condições sociais para enfraquecer as famílias cristãs e especialmente as novas gerações. É por isso que gostaria de compartilhar com você seis passos práticos para viver o chamado de Deus:

1. Pela fé, não pela visão: Abraão, o pai da fé, quando recebeu o chamado, não tinha um GPS que lhe mostrasse os passos a seguir ou as situações que enfrentaria. No entanto, ele não hesitou. Ele seguiu em frente, deixou tudo, e isso lhe foi imputado como justiça. Aquele que faz o chamado não conhece o fracasso (EGW, O Desejado de Todas as Nações, p. 490). Ele não erra ao escolher você para cumprir Sua missão.

2. Dependência independente: Antes de chamar Moisés, Deus o fez vagar por 40 anos (Êxodo 3; Atos 7:30) na escola de desconstrução da autossuficiência, para que ele aprendesse a importância de ser totalmente dependente de Deus. Foi quando Ele o chamou de um arbusto. Depois de ter entendido que a liberdade não viria por suas próprias forças, Moisés decidiu confiar plenamente em Deus para ser usado.

3. Influenciadores: Para mudar uma cultura, a melhor idade é a mais jovem. O que uma mãe ou um pai semeia nos primeiros anos de vida deixa sulcos que são difíceis de apagar. É nossa tarefa compartilhar a cultura do reino dos Céus. Talvez vocês sejam um jovem casal e deixe-me dizer-lhe que não podemos viver fora do chamado do discipulado. Mesmo para a mãe de Moisés, o fato de ela ser jovem, ou mesmo escrava, não foi uma desculpa. "De que grande alcance em seus resultados foi a influência daquela mãe hebreia, sendo ela entretanto uma exilada e escrava! Toda a vida futura de Moisés, a grande missão que ele cumpriu como chefe de Israel, testificam da importância da obra de uma mãe cristã" (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 170).

4. Identidade: José foi um líder que marcou a história e salvou milhares de pessoas por meio de uma administração repleta de sabedoria. Foi sua dedicação e fidelidade inabaláveis, apesar das circunstâncias, que permitiram que Deus o usasse. Na escola da adversidade, Deus foi capaz de polir os traços ruins do caráter que José havia adquirido. Não deixe que erros, críticas, ciúmes ou outras circunstâncias definam quem você é. Deixe que Jesus e Seu chamado defina sua vida, estabeleça a direção e lhe dê identidade.

5. Oração: Durante 300 anos na história do povo de Deus, o período dos juízes transcorreu sem mudanças significativas. A falta de consagração e fidelidade os levou à escravidão e à ruína por muitos anos. Foi a oração de uma mulher (1 Samuel 1:11) que mudou a história. Em meio às adversidades, ela decidiu se entregar completamente a Deus e continuar confiando Nele. Todas as coisas importantes começam com a oração. A escolha dos 12 discípulos, a vitória de Gideão, a nova chance de Jonas, o perdão de Davi ou a história da cruz, para mencionar alguns exemplos. Para viver o chamado, precisamos nos entregar completamente a Deus, abrir nosso coração a Ele, assim como Ana fez. Estudar o que existe dentro de nós requer tempo, e é disso que precisamos: tempo com Deus.

6. Mentoria: No capítulo 2 de Samuel, um trabalho pessoal é realizado. Foi Eli que ajudou Samuel a discernir a voz de Deus para que ele entendesse o chamado que recebeu. Hoje, você e eu somos chamados por Deus para ajudar outras pessoas a ouvir Sua voz, a entender Seu chamado e caminhar em direção a maravilhosa luz. Como resultado desse tempo, desse trabalho de Eli com aquele menino, vemos que foi Samuel quem fundou a escola de profetas, quem trouxe a Palavra de Deus novamente. A glória de Davi e até mesmo o reinado de Salomão tem seu fundamento na herança do ministério de Samuel para as novas gerações, aproximando-as da Palavra. Agora, pense em um mentor, um modelo, alguém que tenha deixado uma marca em sua vida.

Quando fazemos esse exercício, não pensamos em uma pessoa por causa de seus estudos ou currículo, mas porque ela investiu o bem mais importante que temos nesta vida: o tempo.

Deus nos deixou um chamado. Talvez não nos sintamos aptos, qualificados ou prontos. Como vimos ao longo da história da salvação, o mesmo aconteceu até mesmo com os grandes heróis da fé. Esse chamado transcende nossas limitações; ela está em sua justiça e em sua graça. Deus promete nos capacitar, nos acompanhar e completar a boa obra que Ele mesmo começou em nossa vida.

Afinal de contas, Ele faz quase tudo... apenas espera um coração disposto a seguir em frente, um coração disposto a acreditar para viver o chamado que Ele deixou a você e a mim, para marcar a vida de uma pessoa por meio do discipulado. Não é sobre o que você faz por Deus, mas o que Ele está disposto a fazer por você.