Cinco razões porque não vou ao Cinema

Como um adventista que nasceu na igreja, vejo estampado no rosto dos nossos jovens hoje, o mesmo drama e conflito que vivi. É pecado ir ao cinema ou não? 

A igreja parece impotente para dar respostas convincentes, e os nossos jovens exigem uma que esteja escrita na Bíblia ou no Espírito de Profecia. No tempo de Ellen White não havia cinema, mas havia teatro e ela foi claramente contra.

A igreja, no intuito de preservar os nossos jovens da influência do mundanismo, estabeleceu o estigma de que ir ao cinema é pecado. O cinema em si pode não ser ruim, contudo, a tradição religiosa da igreja diz que isso é pecado (tanto no Brasil, como nos Estados Unidos, para minha surpresa). Na realidade, o motivo da proibição, era impedir os nossos jovens de assistir aos filmes, e não de ir ao cinema em si.

Com o advento do viodeocassete, a igreja foi traída pela sua proibição, e agora todo mundo assiste em casa, e a polêmica definitivamente se estabeleceu. Ir ou não ir? Pode ou não pode? Em primeiro lugar, temos que lembrar que para a pessoa que está realmente determinada a ir ao cinema, nada vai convencê-la do contrário. Contudo, as cinco razões que apresento aqui pode ajudar aqueles que são sinceros, e que, na dúvida, estão orando a Deus, querendo fazer a Sua vontade.

A Primeira Razão:

Vou usar como primeiro argumento aquilo que muitos jovens acham elementar. Se hoje você vai ao cinema e alguém o vê indo, essa pessoa pode ficar escandalizada, e isso é pecado. 

Se o seu comportamento escandaliza o seu irmão, o princípio é claro ao dizer que é melhor não fazer. A Bíblia fala fortemente sobre esse princípio em I Coríntios 8. Paulo fala que alguns, não tendo conhecimento profundo da verdade, têm uma consciência fraca. No verso 9, Paulo estabelece o princípio quando diz: “vede, porém, que esta vossa liberdade não venha, de algum modo, a ser tropeço para os fracos.” Em I Coríntios 10:23 3 32, Paulo diz que “todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm”, “não vos torneis causa de tropeço... para a igreja de Deus.” E o que mais me impressiona é a declaração do capítulo 8:12 quando Paulo diz: “E deste modo (referindo-se ao pecado do escândalo), pecando contra os irmãos, golpeando-lhes a consciência fraca, é contra Cristo que pecais.” Se ao ir ao cinema, escandalizo a minha igreja ou o meu irmão, estou pecando contra Cristo, diz a Bíblia.

Segunda Razão:

Um princípio elementar, mas que não deixa de ser uma razão, é que ali é a “roda dos escarnecedores”. Bem, você pode dizer que a “roda dos escarnecedores” está em todo lugar, no metrô, no ônibus, etc. Contudo, a “roda dos escarnecedores” do cinema é específica. O grupo que ali está, não está por uma necessidade, mas porque querem ir espontaneamente para satisfazer a si próprios e entreter o seu ego. Vão lá porque gostam e querem assistir ao filme, mas existe algo mais que o filme: como o ambiente, o escurinho, o silêncio, o som e o tamanho da tela. Tudo isso é planejado de uma maneira, não para fazer você assistir ao filme, mas para você entrar no filme. 

Concordo com o salmista no Salmo 1:1, quando ele diz: “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores”. Creio que o cinema é uma roda específica de escarnecedores, que estão buscando um tipo de prazer que só lá dentro alcançarão. Será que ao ir ao cinema não estou me detendo no caminho dos pecadores? 

Terceira Razão:

A escuridão do ambiente afeta tremendamente o ouvinte. Engraçado é que ninguém percebe e acha normal. E é aí que a gente vê como o diabo é sutil. O ambiente escuro é para ninguém ver ninguém, e para tentar colocar na sua cabeça que aquela imagem é uma realidade só sua, feita para você; ainda que seja só naquele momento. Seu subconsciente consegue captar mensagens que podem afetar profundamente sua maneira de ver, pensar e agir, baseado em imagens que muitas vezes nem sequer fazem parte do nosso mundo real.

Normalmente, não gostamos da escuridão. Temos medo. E tão logo entramos em um ambiente escuro, procuramos uma luz para acender. Entretanto, no cinema, as trevas têm por objetivo captar a sua mente, levando você a uma fantasia que não é a sua realidade.

Pode parecer que não, mas ver o filme no escuro do cinema, e ver no claro na sala de estar da sua casa, faz uma grande diferença quanto à influência que você recebe. E às vezes, essa influência é involuntária, você nem a percebe, mas ela está lá. Ao escrever esta declaração, não estou defendendo a liberação de qualquer filme em casa, mas tentando mostrar que, definitivamente, o cinema não é um lugar para cristãos.

Quarta Razão:

O tamanho da tela gera uma imagem muito realística, que associada com o escuro, exerce um poder fascinante, transportando você da sua realidade para dentro de um mundo imaginário no filme. Como todo mundo nesta vida de pecado tem sonhos, os filmes não são outra coisa senão os sonhos dos seres humanos se tornando realidade. Daí porque o mundo está fascinado com Hollywood. Jamais a tela de um televisor, por maior que seja, vai exercer sobre você um poder tão fascinante como dentro do cinema. 

Se fizermos uma pesquisa com duas pessoas, sendo que uma assiste a dez filmes em casa, e depois dermos um questionário para elas responderem, buscando ver o efeito dos filmes no subconsciente, compreenderemos o poder do cinema, e por que a igreja está certa em dizer que ele é pecado.

Quinta Razão:

O último motivo pelo qual o cristão não deve ir ao cinema é simples. Eu até diria elementar, mas de uma sabedoria fantástica: “Na dúvida, não ultrapasse.” Por que correr o risco, se o assunto é polêmico? Será que jesus entraria com você no cinema? A mesma pergunta pode ser feita quanto à escolha que você faz dos seus filmes. Será que ele sentaria com você na poltrona da sua casa e assistiria aos filmes que você está assistindo? Acho que, na dúvida, não é bom ultrapassar. Que sabe esse último princípio, ainda que simples, possa salvar jovens que ainda não têm fé suficiente para compreender os quatro princípios anteriores. 

Talvez você não esteja convencido de que não deve ir, mas se a dúvida está no seu coração, é mais seguro não ir. Para aqueles que não têm dúvida, e que se sentem confortáveis em ir, achando que não há nada de mais, eu diria que a sua consciência não é um guia seguro. Você pode até estar sendo sincero no que faz, mas se caminhar na direção errada, perderá o jogo da vida eterna.

Certa vez, li uma história em que a Coca-Cola resolveu fazer um teste de marketing para testar o poder da imagem sobre o subconsciente das pessoas. Na produção de um filme para o cinema, eles incluíram várias vezes, no meio da projeção, rápidas imagens de uma garrafa de Coca-Cola . Os flashes eram rápidos como um relâmpago e, embora as pessoas vissem aquele rápido flash na tela, elas não conseguiam identificar a imagem. 

Na saída do cinema, eles colocaram bancas de Coca-Cola para vender e, à porta, eles perguntavam às pessoas se elas podiam dizer o que viram na imagem dos flashes. Ninguém conseguiu dizer o que tinha visto na imagem, mas todos perceberam o flash rápido. Apesar de não terem notado a imagem da garrafa de Coca-Cola, 70% daqueles que assistiram ao filme, comprararm uma garrafa de Coca-Cola para beber, na saída do cinema. Os outros 30% não compraram, mas confessaram que estavam com vontade de beber. Essa experiência mostra que o poder do subconsciente de captar as imagens é muito grande. Somos afetados sem perceber, e aí reside o perigo.

Em minha opinião, a igreja está certa quanto a não ir ao cinema. Se bem que também devemos cuidar muito com o que assistimos em casa. Hollywood está determinando o comportamento da sociedade moderna e criando filmes que, em lugar de entreter as pessoas, as levam a ficarem insatisfeitas com a sua vida, porque elas vêem nos filmes um mundo de sonhos e cores. A comparação é uma arma de Satanás para nos conduzir ao pecado. Ele fez isso no Éden, tentando comparar o homem a Deus. E hoje ele usa os meios mais sofisticados para levá-lo a comparar a realidade da sua vida com a imagem fantasiosa dos filmes. Se a sociedade pudesse imaginar o que existe por trás dessas produções, e como se situa o mundo artístico, talvez nem assistisse aos filmes que por eles são produzidos.

O critério para provar se um filme é bom ou não? Faça a pergunta: Poderia Jesus assistir comigo? Sim ou não? Lembre-se de que lá no Céu não existe o mundo imaginário dos filmes e das superproduções. Lá, sim, nos encontraremos com a verdadeira realidade dos nossos sonhos, e a tela, seja do cinema ou da TV, já não terá mais poder sobre nós, e nem existirá, porque Aquele que é real, nos transformará para as realidades eternas.

Pr. Dilson Bezerra
Pastor da Igreja Brasileira de Dallas

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