Violência digital: um chamado à reflexão para os jovens cristãos

"Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, a fim de dar graça aos que a ouvem."  - Efésios 4:29

Em 2024, Jéssica Canedo, uma jovem de apenas 22 anos, foi alvo de intensa campanha de difamação nas redes sociais. Após ser apontada por ter tido um affair com o influenciador digital Whindersson Nunes, algo que foi negado por ambos, publicou uma extensa nota explicando não ter nenhum relacionamento com o tal influenciador. A estudante, segundo a família, "não resistiu à depressão e a tanto ódio", devido às várias mensagens digitais que recebeu. Resultado: tirou a própria vida ingerindo medicamentos.

De acordo com Juan Manuel Harán, graduado em Ciências da Comunicação pela Universidade da República Oriental do Uruguai (UdelaR), entre as principais ameaças enfrentadas por crianças e adolescentes na internet, o assédio virtual ou cyberbullying, ocorre quando uma pessoa é vítima de algum tipo de violência por parte de um indivíduo ou grupo. Esses ataques podem assumir diferentes formas, mas todos têm em comum que, além de condicionar a forma de agir da vítima, podem causar transtornos que afetam a saúde física e mental.

Cyberbullying

O cyberbullying atinge principalmente crianças e adolescentes devido ao número de horas que passam conectados e porque, em geral, nessas idades ainda não contam com a dimensão do alcance da comunicação realizada através de aplicativos de troca de mensagens, redes sociais ou games. No entanto, isso não significa que essa forma de violência digital não afete também os adultos.

De acordo com dados publicados pela fundação Cybersmile, que promove o Stop Cyberbulling Day, data que é comemorada toda terceira sexta-feira de junho, 60% dos usuários da internet foram expostos a alguma forma de cyberbulling. 

Assédio virtual

O assédio virtual, também conhecido como assédio on-line ou cyberbullying, refere-se a comportamentos agressivos, intimidatórios ou abusivos realizados através de plataformas digitais, como redes sociais, aplicativos de mensagens, e-mails ou outros meios on-line.

Alguns tipos de assédio podem parecer inocentes em comparação com a gravidade ou o alcance de certos comportamentos mais violentos que ocorrem on-line, mas a verdade é que ninguém sabe como uma ação, por mais inocente que possa parecer, pode afetar a outra pessoa. Esse tipo de assédio pode se manifestar de várias formas, incluindo:

  1. Ofensas e xingamentos: mensagens insultuosas ou degradantes enviadas para a vítima.
  2. Espalhar rumores: difundir informações falsas ou prejudiciais sobre a pessoa.
  3. Ameaças: enviar mensagens que ameaçam a segurança ou o bem-estar da vítima.
  4. Invasão de privacidade: compartilhar informações pessoais sem consentimento ou invadir contas pessoais.
  5. Imitações e perfis falsos: criar perfis falsos para se passar pela vítima ou para difamá-la.

Cristãos e a violência virtual

Para nós, jovens cristãos, é fundamental refletir sobre a maneira como nos comportamos nesse ambiente virtual. A Bíblia nos ensina a amar ao próximo (Mateus 22:39) e a tratar os outros como gostaríamos de ser tratados (Lucas 6:31). Isso deve ser um princípio que guia nossas ações, tanto no mundo físico quanto no digital. 

Quando falamos de violência digital, é importante lembrar que, por trás de cada tela, há uma pessoa real, com sentimentos e emoções. Muitas vezes, o anonimato que a internet proporciona pode nos levar a agir de maneira desrespeitosa e até cruel. Porém, como seguidores de Cristo, somos chamados a ser luz e sal em todas as situações (Mateus 5:13-16). Isso significa que devemos usar nossas vozes e plataformas para promover a paz, o respeito e a compaixão.

"Deus dotou os homens de talentos e capacidade inventiva, a fim de que seja efetuada a Sua grande obra em nosso mundo" (Fundamentos da Educação Cristã, p. 409). Podemos fazer a diferença neste mundo onde "Descobrir-se-ão meios para alcançar os corações" (The Review and Herald, 30 de setembro de 1902).

É vital estarmos atentos ao que consumimos e compartilhamos on-line. A desinformação pode causar danos irreparáveis e alimentar conflitos. Em vez de compartilhar conteúdos que possam ferir ou difamar, que tal espalhar mensagens de amor, esperança e encorajamento? Não somente de nossa boca, mas de nossos dedos, de nossa mente e de nosso coração, que somente saiam coisas boas para trazer edificação e salvação. Por fim, se você ou alguém que você conhece está enfrentando a violência digital, é importante buscar ajuda. Conversar com pessoas de confiança, como amigos, familiares ou líderes espirituais, pode fazer toda a diferença. Não estamos sozinhos nessa jornada e, juntos, podemos criar um ambiente digital mais saudável e acolhedor.

Escrito pelo Pastor Agnaldo de Souza | Distrito Cidade Jardim – ASPa/UNB